terça-feira, junho 03, 2008

Censura de jogos.

Toda censura é burra porque no mínimo atrai mais atenção para o que foi censurado. No Brasil agora a moda é censurar jogos de computador. Zapeando em alguns blogs encontrei esse trecho da revista Veja contra a censura de jogos de computador, retirado do ótimo blog loadingtime. Eles estavam falando de GTA IV e seu enorme sucesso, mesmo sendo controverso.

Desde a primeira versão do Grand Theft Auto, as tais velhinhas atropeladas (e o restante da sangueira derramada) ensejam, nos Estados Unidos, discursos alarmados de pessoas preocupadas com a violência nos videogames. Não há, contudo, restrição à venda desse jogo ou de outros parecidos naquele país. O que os fabricantes são obrigados a providenciar é um alerta, na embalagem do produto, sobre o conteúdo inadequado para crianças. No Brasil, onde também existe essa classificação por faixa etária, outra situação se delineia. Neste ano, sob diversas alegações (veja o quadro), a Justiça já retirou de circulação três games – Bully, EverQuest e Counter Strike. Não há outro nome a aplicar a essas decisões: trata-se de censura. Tanto quanto filmes, discos ou livros, os games são produtos culturais. Se os primeiros não podem ser banidos, independentemente de sua qualidade ou de seu conteúdo, o mesmo vale para os jogos. É o princípio da liberdade de expressão, aliás, que impede o confisco de games como o GTA IV nos Estados Unidos.

Mesmo quando têm o propósito de proteger crianças, as sentenças brasileiras vão longe demais. Não há prova científica conclusiva sobre a influência de jogos e programas de televisão na formação infantil. Além disso, uma sentença que embarga as vendas de um jogo retira de adultos que queiram conhecê-lo – nem que seja para formar uma opinião pessoal a seu respeito – essa possibilidade. Não são poucos os adultos com esse tipo de interesse. Para ficar num só exemplo, um estudo sobre o game EverQuest, publicado em 2004 pela Universidade de Nottingham Trent, da Inglaterra, concluiu que a maioria esmagadora dos usuários tinha quase 30 anos.Essas medidas proibitivas atentam contra a liberdade dos adultos. Além disso, nenhuma lei ou decisão judicial pode suprir o papel dos pais no processo educativo. Cabe a eles, antes de qualquer outra pessoa ou entidade, supervisionar as brincadeiras dos filhos“, diz Omar Kaminski, professor de direito e de tecnologia da informação da Fundação Getulio Vargas.”

Foi publicada na edição 2061 da revista Veja. Até que enfim uma voz lúcida na nossa mídia pobre e burra em matéria de games. Espero que mais pessoas tenha a lucidez da matéria acima e atentem para o mercado nacional de jogos como algo sério e altamente lucrativo, os piratas e contrabandistas que o digam.

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